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“Soldados rastejavam, me seguiam; baionetas cruzavam, tiniam, espetando a morte, furando o vento; várias vezes fui ferido, levantei, prossegui, mas um dia fiquei caído, nos campos de Tuiuti. Era maio, mesmo dia em que nasci, parti, mas não morri, porque a morte, por mais que tente, por mais que dura, valente, não mata nunca a audácia, a bravura, a vida… um infante.”
No longínquo 24 de maio de 1810, duzentos anos atrás, nascia Antônio de Sampaio. Num outro 24 de maio, 56 anos mais tarde, o mesmo Sampaio, Brigadeiro, no Comando da Divisão Encouraçada, em franco combate, receberia os três ferimentos graves que lhe tiraram a vida.
Era 24 de maio! Eis a efeméride consagrada como legenda eterna para a Infantaria Brasileira. Antônio de Sampaio, filho de sertanejos simples, nasceu na Fazenda Vitor, povoado de Tamboril, Capitania do Ceará-Grande.
Aos 20 anos, assentou praça como voluntário no 22º Batalhão de Caçadores, sediado na atual cidade de Fortaleza. Seu batismo de fogo não tardaria. Em 1832, no que ficou
conhecido como Encontro de Icó, lutou contra a rebelião que se opunha à abdicação de D. Pedro I. Sampaio combateu no Pará, na Cabanada; no Maranhão, na Balaiada; no Rio Grande do Sul, na Guerra dos Farrapos; e em Pernambuco, na Revolução Praieira. Em
todas essas ocasiões, com extraordinária atuação.
Em 1852, o então Major Sampaio tomou parte na gloriosa campanha de Monte Caseros. Em 1861, já coronel, assumiu a 5ª Brigada, comandando-a nas campanhas do Prata. Em 1865, ascendeu ao posto de Brigadeiro, por merecimento, como foram todas as suas promoções, em reconhecimento às demonstrações de bravura, coragem e engenhosidade.
Mas foi na Campanha da Tríplice Aliança que o sertanejo de Tamboril cobriu-se definitivamente de glória. Em 1866, Sampaio rumou para o teatro de operações. À frente da Divisão Encouraçada, combateu nas operações de transposição do Rio Paraná e nas
batalhas da Confluência e do Estero Bellaco. Na marcha para Tuiuti, coube-lhe o comando da vanguarda. Na véspera da batalha, conduziu o perigoso reconhecimento na Linha Negra, de onde vieram preciosas informações de combate e grande número de
prisioneiros.
Tuiuti foi a maior batalha campal da história da América do Sul. Com manobras ousadas e engenhosas do Comandante e graças à tenacidade e valentia dos combatentes sob seu comando, a Encouraçada derrogara o ataque inimigo. Tuiuti estava vencida
antes do cair da tarde.
Em suma, nos tumultuados dias da Regência e nos primeiros anos do II Império, Sampaio participou das campanhas contra as revoltas internas e os inimigos externos, destacando-se pela bravura e pela liderança em combate. No comando de sucessivos
escalões, transformou-se num condutor de homens, conhecedor profundo do terreno e mestre em adestrar, empregar e conduzir tropas de Infantaria.
Recebeu de D. Pedro II seis condecorações, entre 1852 e 1865, em reconhecimento aos excelentes serviços prestados à Nação, na paz e na guerra.
A história registra que Sampaio recebeu três ferimentos no dia do seu aniversário. O primeiro, por granada, comprometeu-lhe a coxa direita; os outros dois foram nas costas. Em consequência desses ferimentos, faleceu em 06 de julho de 1866 a bordo do
navio-hospital que o transportava para Buenos Aires.
Homem com pureza de propósitos e sentimento patriótico radicado em seu coração, o Brigadeiro dedicou-se inteiramente ao ofício militar. Exemplo da noção de denodo, foi consagrado Patrono da Arma de Infantaria do Exército Brasileiro em 1962, por
meio de decreto presidencial.
Em 1969, os restos mortais do insigne Patrono foram transladados para o Cemitério São João Batista, em Fortaleza, e, desde 24 de maio de 1996, repousam no mausoléu erigido em sua homenagem no Quartel-General do Comando da 10ª Região
Militar, na capital cearense.
Sampaio legou, com o sangue de seus três ferimentos, um ideário de liderança, coragem e patriotismo. Eternizou-se na História do Exército Brasileiro como o mais distinto dos
Infantes.
Fonte: http://www.forte.jor.br/2010/05/24/24-de-maio-dia-da-infantaria/