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31 de Maio: Dia mundial sem tabaco
Cessação do Tabagismo
O tabagismo é uma das principais causas de doença em todo o mundo, sendo estimadas mais de 400.000 mortes a cada ano devido a esse hábito, somente nos EUA. Além disso, a exposição passiva ao tabagismo parece ser responsável por aproximadamente 40.000 mortes por ano, devido a doenças cardíacas. O tabagismo é, também, uma das principais causas de doenças não-fatais, como a osteoporose, as rugas, a doença ulcerosa péptica, a impotência e complicações da gravidez.
A maioria dos tabagistas aceita o fato de que o tabagismo é perigoso, porém pensam que o risco atua como se fosse uma roleta: acreditam que cada cigarro que fumam é como se fizessem uma aposta. O “prêmio” seria um ataque cardíaco, câncer de pulmão ou outra doença. Se seu “número” for sorteado, você terá a doença; se seu número nunca aparecer, você pode evitar os efeitos maléficos do cigarro e viver toda a vida não sendo afetado pelo cigarro. No entanto, esse é um conceito errado. Todo cigarro que um indivíduo fuma afeta o organismo do mesmo. A verdade é que, quanto mais se fuma, maior será o malefício. Parar de fumar e se manter assim é difícil, porém não é impossível.
- Câncer de pulmão: o risco de câncer de pulmão aumenta aproximadamente 50% a 100% para cada cigarro fumado por dia.
- Doença cardíaca: o risco aumenta aproximadamente 100% para cada maço de cigarro consumido por dia.
- Cigarros de filtro: a troca para consumo de cigarro de filtro (ao invés de cigarro de palha) reduz o risco de câncer de pulmão em cerca de 20%, mas não reduz o risco de doença cardíaca.
- Os tabagistas passam 26% mais de tempo internados e mais de duas vezes em centros de terapia intensiva (CTI), quando comparados aos indivíduos que não fumam.
- Cada cigarro consumido relaciona-se a menos 5-20 minutos de vida.
- Os tabagistas apresentam um risco duas vezes maior de morrer antes dos 65 anos, em comparação aos não-tabagistas.
- Além do que já foi citado, o tabagismo se associa a aumento do risco de diversas outras doenças, como cânceres da região da cabeça e pescoço, câncer de bexiga e de pâncreas, osteoporose, doença ulcerosa, enfisema, entre outras.
A cessação do tabagismo apresenta efeitos importantes e imediatos na saúde de homens e mulheres de qualquer idade. Quando mais cedo a pessoa pára de fumar, maior o benefício. Sabemos que os indivíduos que param de fumar antes dos 50 anos de vida, reduzem seu risco de morte nos próximos 15 anos em 50%, em comparação àqueles que continuam fumando. Além disso, a cessação também beneficia os indivíduos expostos ao tabagismo passivo, que é responsável por algumas doenças também.
1. Doença Cardíaca
O tabagismo aumenta duas vezes o risco de doença coronariana (que causa infarto e angina), e a cessação leva a redução rápida desse risco. Um ano após ter parado de fumar, o risco de morte do indivíduo é reduzido em 50% e continua a reduzir ao longo do tempo.
2. Doença Pulmonar
O tabagismo aumenta o risco de doenças pulmonares a longo prazo, como a doença pulmonar obstrutiva crônica. Embora muito do dano pulmonar causado pelo tabagismo seja irreversível, a cessação do tabagismo pode reduzir dano pulmonar adicional, e muitos tabagistas que apresentam tosse crônica e expectoração relatam melhora desses sintomas nos primeiros 12 meses após a interrupção do hábito. A asma é mais comum entre as crianças expostas ao tabagismo, além do que nesses casos o tratamento é mais difícil.
3. Câncer
O tabagismo é responsável por cerca de 90% dos casos de câncer de pulmão. A cessação do tabagismo reduz o risco desse câncer nos primeiros cinco anos, embora os ex-tabagistas ainda apresentem um risco maior do que os indivíduos que nunca fumaram. A interrupção do tabagismo também reduz o risco de outros cânceres, como de cabeça e pescoço, esôfago, pâncreas e bexiga. O benefício existe mesmo após um desses cânceres tenha sido diagnosticado, já que reduz o risco de um segundo câncer e aumenta a chance de sobrevida ao primeiro câncer.
4. Doença Ulcerosa Péptica
O tabagismo se associa a aumento do risco de doença ulcerosa péptica. A cessação reduz o risco de desenvolvimento das úlceras e acelera a taxa de cicatrização, caso elas já tenham se desenvolvido.
5. Osteoporose
A cessação do tabagismo aumenta a perda óssea e aumenta o risco de fraturas,em mulheres. A interrupção começa a reverter esse risco após cerca de 10 anos. Aumento da perda óssea também foi notado em homens, porém ainda não se sabe o quanto o risco de fratura é aumentado, nesses pacientes.
Após decidir parar de fumar, o primeiro passo é definir uma data. Esse será o dia de interromper completamente o tabagismo. Essa data, idealmente, deve ser em no máximo duas semanas, embora a escolha de datas especiais (como um aniversário, datas comemorativas) possa ser útil.
A redução gradual pode ser ocasionalmente bem sucedida, porém a interrupção abrupta se associa a maior êxito. Algumas pessoas modificam o consumo para um cigarro com menor teor de nicotina e tabaco, antes da cessação, porém isso faz com que a pessoa inale cada vez mais profundamente, não trazendo benefício.
Outras ações que ajudam na cessação são as seguintes:
Conte aos amigos, familiares e colegas de trabalho e solicite apoio;
Evite fumar em casa e no carro e outros locais onde você passe grande parte do seu tempo;
Relembre suas tentativas anteriores, tentando identificar o que deu certo e o que não deu;
Prepare-se para lidar com os sintomas de abstinência de nicotina, como ansiedade, frustração, depressão, vontade intensa de fumar. Algumas semanas após a interrupção, fica mais fácil lidar com os mesmos;
Prepare-se para manejar situações que levam você a fumar, como eventos estressantes e o consumo de álcool.
Converse com seu médico sobre seu desejo de parar de fumar. As duas abordagens mais bem sucedidas são as comportamentais e os medicamentos, podendo-se empregá-las concomitantemente.
Esse tipo de abordagem pode ser feito de maneira independente ou em sessões individuais e em grupo. No processo de cessação do tabagismo, é importante identificar situações ou atividades que aumentam o risco de se fumar ou se voltar a fumar. Após essa identificação, novas habilidades para lidar com elas serão necessárias. Recomenda-se modificação do estilo de vida para se reduzir o estresse e melhorar a qualidade de vida, como iniciar a prática de atividade física regular ou de técnicas de relaxamento. Exercícios vigorosos podem melhorar a capacidade de se interromper o tabagismo e se evitar a recaída, além de evitar/minimizar o ganho de peso.
Reduza o tempo que você passa com tabagistas. As pessoas que convivem com tabagistas podem considerar a negociação com os mesmos para que eles parem de fumar em casa ou no carro. Reconheça que a “fissura” pode freqüentemente levar a recaídas. Isso pode ser prevenido, pelo menos em parte, evitando-se situações associadas ao tabagismo, como estresse e consumo de álcool. Mantenha disponíveis substitutos orais (como chicletes, cenouras, sementes de girassol) à mão, para quando a “fissura” ocorrer. Evite pensamentos como “fumar apenas um cigarro não me fará mal”; um cigarro normalmente leva a outro.
A chave para o sucesso na interrupção do tabagismo é ter o máximo de informação possível sobre o que esperar e como lidar com o que ocorrer. Materiais de auto-ajuda podem ser úteis.
Existem diversos medicamentos que podem auxiliar uma pessoa no processo de cessação do tabagismo, devendo os mesmos ser prescritos e orientados por um médico.
1. Reposição de Nicotina
Na ausência de nicotina, o tabagista perde as boas sensações que a nicotina induz, desenvolvendo sintomas de abstinência, que incluem humor deprimido, dificuldades para dormir, irritabilidade, frustração ou raiva, ansiedade, dificuldade de concentração. A terapia de reposição foi desenvolvida para reduzir a intensidade desses sintomas, enquanto o ex-tabagista lida com os aspectos comportamentais do programa de cessação. No entanto, a reposição não prevenirá completamente os sintomas. O uso da reposição concomitante ao tabagismo não é recomendado. A nicotina para reposição está disponível em diversas formas: gomas de mascar, adesivo cutâneo, spray nasal e inalador.
2. Bupropion
O bupropion é um antidepressivo que pode ser usado para auxiliar as pessoas a parar de fumar. No início, é tomado uma vez ao dia, por três dias, com aumento progressivo até a dose recomendada, antes da data escolhida para a cessação. Após a interrupção, o medicamento é mantido por mais sete a doze semanas. O bupropion parece ser mais eficaz que a terapia de reposição de nicotina, e a combinação dos dois parece ser mais eficaz. É um medicamento bem tolerado, podendo se associar a sintomas de boca seca e insônia.
3. Vareniclina
Esse medicamento atua no cérebro e reduz os sintomas de abstinência de nicotina e a “fissura” pelo cigarro. Em diversos estudos esse medicamento foi mais eficaz que o bupropion e à não utilização de medicamento. Deve ser tomado após a refeição, juntamente com um copo cheio de água. Os pacientes iniciam o uso uma semana antes de interromper o tabagismo, e devem continuar o uso por doze semanas antes que se determine a eficácia. Aquelas pessoas que continuam sem fumar, após doze semanas, podem continuar usando o medicamento por mais doze semanas. Os efeitos colaterais mais comuns são náusea e sonhos anormais. No entanto, em 2007 foi informado que alguns pacientes desenvolveram alterações do comportamento, tornando-se agressivos, além de terem desenvolvido pensamentos suicidas. Por isso, o medicamento deve ser usado com acompanhamento médico cuidadoso.
Sackey JA, Rennard SI. Patient information: Smoking cessation. In: UptoDate Software v. 16.1, 2008.
Smoking Cessation – Quit Smoking Today. < http://www.smoking-cessation.org/>. Acessado em 22 de setembro de 2008.
WebMD - Smoking Cessation Health Center. <http://www.webmd.com/smoking-cessation/default.htm>.